Ante a necrópole¹
Irmão Jacob
Assistia, enfim, ao sepultamento de minhas vísceras cansadas. A solenidade, referentemente à qual tanta vez me reportara, descortinava-se-me ao olhar possuído de assombro.
De envolta com as relações afetivas do mundo, compacta assembleia de desencarnados se pôs em movimento.
Nosso grupo continuava reduzido, mas aumentara. Outros amigos se reuniram a nós, abraçando-me. Declaravam-se desejosos de me acompanhar na passagem para a esfera próxima.
Intensa curiosidade dominava-me as emoções quando o cortejo estacou. Era a entrada para a necrópole, afinal.
Todo o local se enchia de gente desencarnada.
Francamente, intentei seguir para dentro, mas Bezerra, num abraço fraternal, recomendou, compassivo:
– Meu amigo, não tente a lição agora. Recordemos a parábola e deixemos aos mortos o cuidado de enterrar os mortos.
Em seguida, solicitou aos novos circunstantes nos deixassem a sós, até o instante da retirada definitiva.
Percebendo-me o desapontamento, observou-me, bem-humorado:
– Jacob, você não sabe o que está desejando. Por enquanto, os enterros muito concorridos impõem grandes perturbações à alma. Além disso, não desconhece que as vibrações daqueles que o amam procurá-lo-ão em qualquer parte.
Em virtude do parecer respeitável, afastei-me do corpo morto no momento que penetrava a nova moradia.
¹ N.R.: XAVIER, Francisco Cândido. Voltei. Pelo Espírito Irmão Jacob. 28. ed. 21. imp. Brasília, DF: FEB, 2023. cap. 5 – Despedidas, it. 5.4. [Transcrição parcial].