Revista Reformador

Também te rogo Senhor

Jorge Leite de Oliveira**
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Mestre, eu também te agradeço
Não apenas simplesmente
Pelos momentos felizes,
Em que em meu peito o coração de crente
Louva-te pelas bênçãos recebidas.
Sou-te grato igualmente pelos dias
De aflições em que o vento e a chuva fria
São manifestações com que me dizes
Ser preciso confiar diariamente
Nas determinações com que corriges,
Com tua Lei gravada em minha mente,
Os meus passos infelizes.

Agradeço-te pelos sofrimentos
Que as afeições mais puras me minoram
Oferecendo-me buquês brilhantes
Que me perfumam as horas
Com suas lindas pétalas de flores
Derramadas na fronte amargurada
Que verte lágrimas angustiantes.
Por que este teu filho resgata agora
Sem queixas, sem revoltas suas dores
Causadas pelas dívidas não pagas
Da existência infeliz de outrora,
Nesta vivência abençoada.

Agradeço-te pela incompreensão
Da crítica ferina que me ataca
Com dureza o coração,
Para que eu aprenda a compreender
E exercitar o amor e a tolerância
Na mais dura circunstância.
Sê bendito por esta enfermidade
Que me acompanha desde a mais remota,
Desde a primeira inolvidada idade.
Este aguilhão que dói em minha alma
É qual ferida que moldou a pérola
Na sua serena calma.

Agradeço-te o brilho de esperança
Com que sempre abençoas o meu sonho.
Sou feliz pela certeza que guardo
De um brilhante florescer
No teu jardim edênico regado
Com a Boa-Nova do teu Evangelho
No mais recôndito ser.
Sou-te grato, Mestre Amado
Por tudo que recebo do Senhor:
A dor, a alegria, a prova, o bem
E a própria humilhação que me renova,
Mas que eu não fira ninguém.

N.A.: Inspirado em XAVIER, Francisco Cândido. Antologia da espiritualidade. Pelo Espírito Maria Dolores. 6. ed. 2. imp. Brasília, DF: FEB, 2014. cap. 17 – Mas rogo-te, Senhor.
** N.A.: Expositor, revisor, articulista espírita, tradutor livre e colaborador da Federação Espírita Brasileira desde 1980 – Brasília (DF).