Sinceridade
Joanna de Ângelis (Espírito)
Em nome da verdade não apliques a palavra contundente sobre a fraqueza daqueles que caminham desequilibrados ao teu lado.
A pretexto de servir à causa do Bem não derrames espinhos pela senda onde segue teu próximo, tentando, dessa forma, ser coerente com as próprias convicções.
Falando em nome do ideal que esposas, evita a exposição petulante dos conhecimentos que um dia te conferiram; apresenta-os aos ouvintes com a simplicidade que agrada e sem a pretensão de emitires o último conceito.
Justificando a tua maneira sadia de viver, não te faças desagradável companhia, usando, indiscriminadamente, a palavra ferinte e o argumento intolerante, a expressão deprimente e a frase impiedosa em relação àqueles que ainda não podem seguir-te os passos.
Procurando libertar a tua alma do erro, não intentes escravizar aos teus caprichos de pensamento quantos não têm possibilidade de voar contigo na amplidão do conhecimento.
Nas observações que fazes, não te esqueças de que nem todos os seres se encontram preparados para ouvir-te as repreensões, mesmo quando coroadas das melhores intenções.
Procurando ajudar, não te detenhas, apenas, na descoberta da ferida; utiliza-te do singelo chumaço de algodão e cobre a enfermidade com medicação balsâmica.
Não te esqueças de que a verdade, semelhante à moral, penetra, lentamente, generalizando-se, poderosa.
Muitas vezes se serve melhor à verdade, calando a palavra ofensiva e constringente que jamais edifica.
Saber e silenciar, receber e guardar, ouvir e reter são manifestações que contribuem mais para a campanha de esclarecimento do que expor a verdade, aos gritos, junto às almas que não se encontram preparadas para a renovação.
Sinceridade!…
Quantas vezes em teu nome se destrói, esmaga-se, desanima–se e persegue-se, acreditando servir à honra e ao bem.
Por isso mesmo, lavra teu campo, meu irmão, semeia a bondade e a luz, e, sendo sincero para contigo mesmo, serve ao ideal do Cristo na Humanidade inteira, ajudando, sem cessar, a quantos caminham pelas tuas veredas.
Não será isto, porventura, o que Jesus faz conosco?
(Página recebida pelo médium Divaldo Pereira Franco, na sessão pública da noite de 27 de setembro de 1958, em Salvador, Bahia. Transcrita de Reformador, fev. 1960, p. 43.)